segunda-feira, 22 de março de 2010

Nivaldo Cruz Em Vado Do Véi Pêdo E A Cidade Encantada



Hoje trago mais uma aventura de Vado do Véi Pêdo. É mais uma versão, minha, de uma lenda brasileira em forma de verso popular e inspirada nas pesquisas do Grande Folclorista brasileiro Câmara Cascudo. Espero que gostem!

Vado do Véi Pêdo e a Cidade Encantada
Nivaldo Cruz


Pru senhores
Não sentirem saudade
Das nossas conversas
Com muita identidade.
A lenda que vou contar
Aconteceu numa cidade.

Vado do Véi Pêdo
Achou de ir e se achegar
Em Jericoacoara
Cidade boa do Ceará
Em sua viagens
Viajando pro lado de lá.

E ali ele conheceu
Uma história, uma lenda
Da cidade encantada
Duma princesa, uma prenda
Que no lugar existia
Bem dentro duma fenda.

Foi um pescador
Que a Vado tudo contou
Que de baixo do serrote
Do Farol lá já brotou
Uma cidade, que a muito
Tempo atrás se encantou.

Lá perto da praia
Quando baixa a tá maré
Aparece uma furna, onde
Só se entra de quatro pé,
É lá a entrada da cidade
Da serpente que é mulé.

Quando alguém na furna
Tenta e consegue entrar,
Mais que do inicio não vai,
Porque não pode passar.
Lá tem um portão de ferro
Pra todos poder barrar.

Disse o pescador, que
Na cidade, bem no mei
Está a princesa encantada
Sem o seu poderoso rei.
A espera do desencanto,
Como manda sua grande lei.

O corpo da Princesa
É de cobra e é coberto
Com escamas de ouro
Pra ver, só se for de perto
A cabeça e os pés
É de gente, disso tô certo.

Os valente, que com
A princesa quiser casar
Antes então tem que
Um cristão pegar e matar
E com seu sangue
A bela dama desencantar.

Com o sangue
De uma pessoa humana
O dito tem que fazer
O sinal da cruz cristiana,
No dorso da serpente,
Assim o encanto se emana.

O valente então, se
Casa com a princesa bela
E sua rica cidade,
Vai ele governar com ela
Pra isso na boca da gruta, tem
Que imolar um em favor dela.

Quando o encanto
Alguém conseguir acabar
Vai sumir a ponta escalvada
E agreste, e no seu lugar
As torres do Castelo
Vão assim desabrochar.

As cúpulas do palácio
Também deve aparecer.
E muita riqueza
Dali então vai prover,
Quem estiver vivo
Tudo isso vai poder ver.

Existiu num certo tempo
Queiroz, um feiticeiro
Que tentou com o encanto
Por fim acabar, foi o primeiro.
Com a fé nos profetas
Ele se confiou inteiro.

Certo dia acompanhado
Cheio de muita gente
Ele foi até gruta
E aconteceu de repente
De nela penetrar
Mas, foi inconseqüente.

A princesa cobra
Pra ele, bem ali, apareceu
Esperando que desse
Fim ao sofrimento seu,
Mas como ninguém
Que tava ali seu sangue deu.

Tudo estava como antes
O encanto não se quebrou.
O feiticeiro por estupidez
Muito caro então pagou
Virou preso de cadeia na
Terra encantada ficou.

O por que de ninguém
Dar o sangue por querer
Num foi nem o medo
De se acabar e morrer,
Era que todos queria
Com a princesa viver.

O negócio é que
Até hoje nesse dia
A princesa tá lá
Na sua pobre agonia
Esperando um valente
Que lhe traga alegria.

Até hoje ela
Ainda está bem lá e é
Um bicho estranho
Meio cobra, meio mulé
Com seus tesouros
E o seu precioso mundé.

Taí pra sua aligria
Trouxe mais uma lenda
Do nosso Brasil
Mas por favor aprenda!
Tem muita coisa boa.
Pois, assim defenda.

Câmara Cascudo
É fonte de dar de beber
Obrigatória pra q’ele
Que quer muito se saber
E das coisas do Brasil
Também vir a conhecer.

Essa dica eu
De graça venho e lhe dou
Por isso procure
Lê ele e ler muito doutor
Lá vai encontrar
Todo o nosso valor.

Assim, vai se orgulhar
De ser bem aqui nascido
Em terras tão boas
E de ter também crescido
O Brasil tem tudo de bom
Só tá é meio escondido.



“ E VIVA A ARTE DO MEU POVO!”

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