quarta-feira, 14 de abril de 2010

Renato Teixeira - Um Cantadô Caipira Sim Sinhô



Se a música caipira hoje entra nos salões das casas mais abastadas, esse homenageado de hoje do “A Arte Do Meu Povo” é um dos responsáveis. Renato Teixeira, dispensa apresentação, violeiro dos melhores do mundo, compositor pelo mesmo caminho e cantor idem.
Renato defende a cultura popular, divulgando a simplicidade, a humildade e a sapiência do caipira brasileiro através de poesias transformadas em canções.

Se você quiser saber mais sobre esse grande nome da cultura brasileira, pode acessar o site oficial www.renatoteixeira.com.br/



Para falar de Renato Teixeira busquei no WIKIPÉDIA e consegui a senguinets palavras:

"Renato Teixeira de Oliveira (nasceu em Santos-SP, no dia 20 de maio de 1945) é um compositor e cantor brasileiro.É autor de conhecidas canções, como Romaria (grande sucesso na gravação de Elis Regina), Tocando em frente (em parceria com Almir Sater, gravada também por Maria Bethânia), Dadá Maria (em dueto com Gal Costa) e Frete (tema de abertura do seriado Carga Pesada, da Rede Globo, além de Amanheceu, entre outros.Em 1990, apresentou o programa Tom Brasileiro na Rede Record, onde além de cantar, apresentava artistas que valorizavam a música nacional.Recentemente, Renato Teixeira compôs a música Rapaz caipira, como crítica à atual música sertaneja de consumo, fazendo renascer a expressão música caipira. É um defensor aberto da música de raiz, caipira, que ainda sobrevive apesar dos desvios da música sertaneja."




Aqui algumas das maravilhas compostas por esse grande compositor:



Amanheceu, Peguei a Viola
Renato Teixeira


Amanheceu eu peguei a viola
Botei na sacola e fui viajar
Sou cantador e tudo nesse mundo
Vale prá que eu cante e possa praticar
A minha arte sapateia as cordas
E esse povo gosta de me ouvir cantar
Amanheceu...
Ao meio dia eu tava em Mato Grosso
Do Sul ou do Norte, não sei explicar
Só sei dizer que foi de tardezinha
Eu já tava cantando em Belém do Pará
Amanheceu...
Em Porto Alegre um tal de coronel
Pediu que eu musicasse uns versos que ele fez
Para uma china, que pela poesia
Nem lá de Pequim se vê tanta altivez
Amanheceu...
Parei em Minas prá tocar as cordas
E segui direto para o Ceará
E no caminho fui pensando, é lindo
Essa grande aventura de poder cantar
Amanheceu...
Chegou a noite e me pegou cantando
Num bailão, lá no norte do Paraná
Daí prá frente ninguém mais se espanta
E o resto da noitada eu não posso contar
Anoiteceu e eu voltei prá casa
Que o dia foi longo e o sol quer descansar
Amanheceu...




Romaria
Renato Teixeira


É de sonho e de pó, o destino de um só
Feito eu perdido em pensamentos
Sobre o meu cavalo
É de laço e de nó, de gibeira o jiló,
Dessa vida cumprida a sol
Refrão
Sou caipira, Pirapora Nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
O meu pai foi peão, minha mãe solidão
Meus irmãos perderam-se na vida
Em busca de aventuras
Descasei, joguei, investi, desisti
Se há sorte eu não sei, nunca vi
Me disseram porém que eu viesse aqui
Pra pedir de romaria e prece
Paz nos desaventos
Como eu não sei rezar, só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar, meu olhar

Frete
Renato Teixeira


Eu conheço cada palmo desse chão
é só me mostrar qual é a direção
Quantas idas e vindas meu deus quantas voltas
viajar é preciso é preciso
Com a carroceria sobre as costas
vou fazendo frete cortando o estradão
Eu conheço todos os sotaques
desse povo todas as paisagens
Dessa terra todas as cidades
das mulheres todas as vontades
Eu conheço as minhas liberdades
pois a vida não me cobra o frete
Por onde eu passei deixei saudades
a poeira é minha vitamina
Nunca misturei mulher com parafuso
mas não nego a elas meus apertos
Coisas do destino e do meu jeito
sou irmão de estrada e acho muito bom
Eu conheço todos os sotaques
desse povo todas as paisagens
Dessa terra todas as cidades
das mulheres todas as vontades
Eu conheço as minhas liberdades
pois a vida não me cobra o frete
Mas quando eu me lembro lá de casa
a mulher e os filhos esperando
Sinto que me morde a boca da saudade
e a lembrança me agarra e profana
o meu tino forte de homem
e é quando a estrada me acode
Eu conheço todos os sotaques
desse povo todas as paisagens
Dessa terra todas as cidades
das mulheres todas as vontades
Eu conheço as minhas liberdades
pois a vida não me cobra o frete





Sina de Violeiro
Renato Teixeira


Meu pai chegou aqui num fim de dia,
Há muito tempo em cima de um cavalo
E era pobre e moço e só queria
Semear de calo as mãos de plantador
Com minha mãe casou-se assim que pode
Acharam um rancho no jeito e na cor
Da terra boa e semeou o milho
E semeou os filhos, e semeou o amor
E assim a vida foi-se como um rio
Meu pai dizia, um dia será mar
E toda noite reunia a prole
E tinha cantorias para se cantar
Não era fácil a lida mas valia
Porque um homem precisa lutar
Nem quando a morte nos levou Rosinha
A mais pequenininha deu pra fraquejar
De sol a sol, o braço no trabalho
Foi como um laço mas nunca sonhou
Por isso Pedro, nosso irmão mais velho
Foi para cidade e nunca mais voltou
Mariazinha se casou bem moça
E foi com Bento homem trabalhador
Mas veio um tempo negro em sua vida
Ele garrou na pinga e nunca mais largou
Uma cegueira triste
Certo dia nos olhos calmos do meu pai entrou
Varreu as cores do seu pensamento
Ele deitou na cama e nunca mais falou
A minha mãe mulher de raça forte
Pegou nas rédeas com as duas mãos
E eu me enterrei de alma na viola
Onde plantei tristezas e colhi canções
Por isso mesmo amigo é que eu lhe digo
Não tem sentido em peito de cantor
Brotar o riso onde foi semeada
A consciência viva do que é a dor

Amizade Sincera
Renato Teixeira


A amizade sincera é um santo remédio
É um abrigo seguro
É natural da amizade
O abraço, o aperto de mão, o sorriso
Por isso se for preciso
Conte comigo, amigo disponha
Lembre-se sempre que mesmo modesta
Minha casa será sempre sua
Amigo
Os verdadeiros amigos
Do peito, de fé
Os melhores amigos
Não trazem dentro da boca
Palavras fingidas ou falsas histórias
Sabem entender o silêncio
E manter a presença mesmo quando ausentes
Por isso mesmo apesar de tão raros
Não há nada melhor do que um grande amigo






"E Viva A Arte Do Meu Povo!"

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