quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Braquinha = João de Barro



Poucos compositores da nossa cultura popular produziram tantos sucessos, de qualidade, quanto o homenageado de hoje do “A Arte Do Meu Povo”. Carlos Alberto Ferreira Braga, tinha tanto talento que se transformou em dois dos maiores compositores brasileros. Ele era Braguinha e também era João de Barro.

Para conhecer mais um pouco sobre esse grende gênio da nossa música, eu fui até o site WIKIPEDIA e encontrei as seguintes palavras...




“Carlos Alberto Ferreira Braga, conhecido como Braguinha e também por João de Barro, (Rio de Janeiro, 29 de março de 1907 – 24 de dezembro de 2006) foi um compositor brasileiro, famoso pelas suas marchas de carnaval.
Braguinha estudava Arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes e resolveu adotar o pseudônimo de João de Barro, justamente um pássaro arquiteto, porque o pai não gostava de ver o nome da família circulando no ambiente da música popular, mal visto na época. Pseudônimo este que adotou quando integrou o Bando dos Tangarás, ao lado de Noel Rosa, Alvinho e Almirante.
Em 1931 resolve deixar a Arquitetura e dedicar-se à composição. No carnaval de 1933, consegue os primeiros grandes sucessos com as marchas 'Moreninha da Praia' e 'Trem Blindado', pouco antes do fim do Bando de Tangarás, ambas interpretadas por Henrique Foréis Domingues, mais conhecido como Almirante, que se casou no ano seguinte com sua irmã Ilka.




Suas composições são conhecidas e cantadas por todos os brasileiros: Pirata da Perna de Pau, Chiquita Bacana, Touradas de Madri, A Saudade mata a Gente, Balancê, As Pastorinhas, Turma do Funil e muitas outras.
Sua musicografia completa, inclusive com versões e músicas infantis, passa dos 420 títulos, uma das maiores e de mais sucessos de nossa música popular.
Em 1937, fez letra para uma das composições mais gravadas da música popular brasileira, o samba-choro Carinhoso, feito por Pixinguinha vinte anos antes.
Lançado por Orlando Silva, Carinhoso recebeu mais de cem gravações a partir de então, tais como Dalva de Oliveira, Isaura Garcia, Ângela Maria, Gilberto Alves, Elis Regina, João Bosco e outros.
Na década de 1940, passou a fazer dublagens para produções cinematográficas realizadas por Walt Disney.
Os parceiros mais constantes foram: Alberto Ribeiro, médico homeopata e grande amigo, Alcyr Pires Vermelho, Antônio Almeida e Jota Júnior.
Faleceu aos 99 anos em 24 de dezembro de 2006, vítima de falência múltipla dos órgãos provocada por infecção generalizada.”




Agora, uma pequena amostra(pequena mesmo) da enorme obra de Braguinha. Fica aqui o compromisso de em outra oportunidade trazer outras composições dele, assinando como João de Barro.


A Canoa Virou
Composição: Braguinha


A canoa virou,
Deixa virar,
Por causa da menina,
Que não soube remar.
(bis)
Menina, larga o remo,
Pula n'agua marujada,
Pula n'agua, pula n'agua, pula n'agua,
Pula n'agua, pula n'agua, pula n'agua,
Que a canôa tá furada.




Carinhoso
Composição: Pixinguinha / Braguinha


Meu coração
Não sei porque
Bate feliz, quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim, foges de mim
Ah! Se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E muito e muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor
Dos lábios meus
À procura dos teus
Vem matar esta paixão
Que me devora o coração
E só assim então
Serei feliz, bem feliz





Copacabana
Composição: Alberto Ribeiro / Braguinha


Existem praias tão lindas
Cheias de luz
Nennuma tem o encanto
Que tu possuis
Tuas areias
Teu céu tão lindo
Tuas sereias
Sempre sorrindo
Copacabana, princezinha do mar
Pelas manhãs tu és a vida a cantar
E à tardinha, ao sol poente
Dexias sempre uma saudade na gente
Copacabana, o mar eterno cantor
Ao te beijar, ficou perdido de amor
E hoje vive a murmurar
Só a ti Copacabana eu hei de amar





Capelinha de Melão
Braguinha


Capelinha de Melão
É de São João
É de cravo
É de rosa
É de manjericão
São João
Está dormindo
Não me ouve não
Acordai, acordai
Acordai João
Atirei rosas
Pelo caminho
A ventania veio
E levou
Tu me fizestes




"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!!!"

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Brisa, Um Encanto Para A Cultura Popular




Eis aqui uma das gratas surpresas dessa nova geração de artista, que fazem renascer na gente a esperança, que ainda há solução para a nossa cultura popular.

Por isso o "A Arte Do Meu Povo" homenageia hoje a Brisa, voz linda, com interpretações divinas, conheça mais um pouco dessa maravilha acessando o site http://www.myspace.com/brisamusical foi de lá que retirei as seguintes palavras:

"Brisa é intérprete e compositora, bacharel em Música Popular pela Universidade Estadual de Campinas. Brisa integrou diversas formações, lançando um CD independente em 2005 com o Duo de Dois. Entre 2007 e 2008 fez participações nos trabalhos de Beto Kobayashi - CD SAL E AÇÚCAR (2008) com a faixa CANSEIRA e também interpretou a canção SAND CASTLES da DJ e compositora VIVIAN VIXEN, lançada como faixa nos principais sites de downloads de música eletrônica. Em 2007 iniciou uma parceria com a MZA Music, sob a direção de Marco Mazzola, lançando em 2008 sua versão de CONDIÇÃO (Lulu Santos) junto às feras da banda DUGHETTU. Arranjo instrumental: Tuco Marcondes. Em agosto de 2009 sua versão de CONDIÇÃO entrou para a novela BELA A FEIA da Rede Record, que ficou no ar até junho de 2010. Brisa integra o sexteto instrumental do guitarrista Beto Kobayashi dede agosto de 2009. Atualmente concentra-se na produção e promoção de seu CD solo, independente, com previsão de lançamento em setembro de 2010. Seu som é visceral, romântico, reflexivo. Simples. Autêntico. Eis uma cantora apaixonada pelo que faz, querendo levar aos quatro cantos sua expressão!! Entre, ouça, veja, fique à vontade e até a próxima!!"

"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!!!"

domingo, 8 de agosto de 2010

Cornélio Pires, Jornalista, Compositor/Poeta Popular E Muito Mais



Existem nomes que quem admira a cultura popular do Brasil, não pode deixar de conhecer. Porém, sabemos que graças a falta de divulgação e a dificuldade em encontrar informações sobre esses nomes, fica complicado se conhecer quem fez e faz coisas boas pela nossa Brasilidade, Brasileira do Brasil.

O “A Arte Do Meu Povo”, quer ajudar a mudar um pouco essa realidade e trazer para quem deseja, um pouco mais de informações sobre esses grandes nomes. Assim, hoje o homenageado faz parte desse grupo de elite, dos bons da nossa cultura popular, Cornélio Pires.




Sobre Cornélio, o site WIKIPEDIA trás o seguinte:



“ Cornélio Pires (Tietê, 13 de julho de 1884 — São Paulo, 17 de fevereiro de 1958) foi um jornalista, escritor, folclorista e espírita brasileiro. Foi um importanto etnógrafo da cultura caipira e do dialeto caipira.
Iniciou a sua carreira viajando pelas cidades do interior do estado de São Paulo e outros, como humorista caipira.
Em 1910, Cornélio Pires, apresentou no Colégio Mackenzie hoje Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, um espetáculo que reuniu catireiros, cururueiros, e duplas de cantadores do interior. O Colégio Mackenzie foi fundado e sempre mantido pela Igreja Presbiteriana, à qual Cornélio Pires pertencia.
Ambicionando cursar a Faculdade de Farmácia, deslocou-se de Tietê para a cidade de São Paulo, a fim de prestar concurso de admissão. Não tendo obtido sucesso em seu intento, conseguiu empregar-se na redação do jornal O Comércio de São Paulo. Posteriormente trabalhou no jornal O Estado de S. Paulo, onde desempenhou a função de revisor. A partir de 1914, passou a trabalhar no periódico O Pirralho.



Foi autor de mais de vinte livros, nos quais procurou registrar o vocabulário, as músicas, os termos e expressões usadas pelos caipiras. No livro "Conversas ao Pé do Fogo", Cornélio Pires faz uma descrição detalhada dos diversos tipos de caipiras e, ainda no mesmo livro, ele publica o seu "Dicionário do Caipira". Na obra "Sambas e Cateretês" recolhe inúmeras letras de composições populares, muitas das quais hoje teriam caído no esquecimento se não tivessem sido registradas nesse livro. A importância de sua pesquisa começa a ser reconhecida nos meios acadêmicos no uso e nas citações que de sua obra faz Antonio Candido, professor na Universidade de São Paulo, o nosso maior estudioso da sociedade e da cultura caipira, especialmente no livro Os Parceiros do Rio Bonito.


Foi o primeiro a conseguir que a indústria fonográfica brasileira lançasse, em 1928, em discos de 78 Rpm, a música caipira. Segundo José de Souza Martins, Cornélio Pires foi o criador da música sertaneja, mediante a adaptação da música caipira ao formato fonográfico e à natureza do espetáculo circense, já que a música caipira é originalmente música litúrgica do catolicismo popular, presente nas folias do Divino, no cateretê e na catira (dança ritual indígena, durante muito tempo vedada às mulheres, catolicizada no século XVI pelos padres jesuítas), no cururu (dança indígena que os missionários transformaram na dança de Santa Cruz, ainda hoje dançada no terreiro da igreja da Aldeia de Carapicuíba, em São Paulo, por descendentes dos antigos índios aldeados, nos primeiros dias de maio, na Festa da Santa Cruz, a mais caipira das festas rurais de São Paulo).



A criação de Cornélio Pires permitiu à nascente música caipira comercial, que chegou aos discos 78rpm libertar-se da antiga música caipira original, ganhar vida própria e diversificar seu estilo. Atualmente a música caipira é chamada de música raiz para se diferenciar da música sertaneja. A música caipira dos discos 78rpm nasce, no final da década de 1920, como o último episódio de afirmação de uma identidade paulista após a abolição da escravatura, em 1888, que teve seu primeiro grande episódio na pintura, especialmente a do piracicabano Almeida Júnior, expressa em obras como "Caipira picando fumo", "Amolação interrompida", dentre outras. A ironia e a crítica social da música sertaneja originalmente proposta por Cornélio Pires, situa-se na formação do nosso pensamento conservador, que se difundiu como crítica da modernidade urbana. O melhor exemplo disso é a "Moda do bonde camarão", uma das primeiras músicas sertanejas e uma ferina ironia sobre o mundo moderno.
Após encerrar a sua carreira jornalística, Cornélio Pires organizou o "Teatro Ambulante Cornélio Pires", viajando com o mesmo de cidade em cidade, aplaudido por onde passava.
Cornélio Pires é primo dos escritores Elsie Lessa, Orígenes Lessa, Ivan Lessa, Juliana Foster e Sergio Pinheiro Lopes.””




Eis aqui a amostra de alguns trabalhos de Cornélio Pires, para você se deliciar:

Bonde Camarão
Composição: Cornélio Pires / Mariano da Silva



Aqui em são paulo o que mais me amola
É esses bonde que nem gaiola
Cheguei, abriro uma portinhola
Levei um tranco e quebrei a viola
Inda puis dinhêro na caixa da esmola!
Chegô um véio se facerando
Levô um tranco e foi cambeteando
Beijô uma véia e saiu bufando
Sentô de um lado e agarrô assuando
Pra morde o vizinho tá catingando.
Entrou uma moça se arrequebrando
No meu colo ela foi sentando
Pra morde o bonde que estava andando
Sem a tarzinha está esperando
Eu falo claro, eu fiquei gostando!
Entrou um padre bem barrigudo
Levô um tranco dos bem graúdo
Deu um abraço num bigodudo
Um protestante dos carrancudo
Que deu cavaco c´o batinudo
Eu vou m´imbora pra minha terra
Esta porquêra inda vira em guerra
Esse povo inda sobe a serra
Pra morde a light que os dente ferra
Nos passagero que grita e berra!






Jorginho do Sertão
Cornélio Pires


O Jorginho do Sertão
Rapazinho de talento
Numa carpa de café
Enjeitô treis casamento
Logo veio o seu patrão
Cheio de contentamento
(tenho treis filhas "sorteira que
Ofereço em casamento)
Logo veio a mais nova
Vestidinho cheio de fita
Jorginho case comigo
Que das treis
Sô a mais bonita
Logo veio a do meio
Vestidinho cor de prata
Jorginho case comigo
Ou então você me mata
Logo veio a mais véia
Por ser mais interesseira
Jorginho case comigo
Sou a mais trabaiadeira
Jorginho pegou o cavalo
Ensilhô na mesma hora
Foi dizê pra morenada
Adeus que eu já vou me embora
Na hora da despedida,
Ai, ai, ai
É que a morenada chora
Ai, ai, ai
O Jorginho arresorveu
É melhor que eu mesmo suma
Não posso casá cum as treis, ai
Eu num caso cum nenhuma.





Moda do peão
Composição: Cornélio Pires


Quando eu era criancinha
Tinha mar inclinação
Eu arriscava a minha vida
Pra montá em qualquer pagão...
Oi, vida é a minha!
Eu domava burro brabo
E chegava no mourão
O macho cavava a terra
Levanta poera no chão...
Oi, vida é a minha!
Do que eu tinha mais vergonha
Das duas filhas do patrão
Ai, que tavam dando risada:
"Vamo ve o jeito do peão!..."
Oi, vida é a minha!
Ai, quando eu entrei pra dentro
Calculo o milho na mão
Ai, eu carcei o meu par de espora
Com bem dor de coração...
Oi, vida é a minha!
Ai, quando eu muntei no macho
No descer de um ladeirão
Ai, eu vi a morte p'los olhos
No meio de um chapadão...
Oi, vida é a minha!
O macho pulava alto
Que formava cerração
Eu encontrei com meu benzinho
Nem não pude dar a mão...
Oi, vida é a minha!




"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!!!"

sábado, 7 de agosto de 2010

João Pacífico É O Homenageado



Jamais faltaria o nome de João Pacífico em qualquer lugar que se propõe a homenagear quem faz e defende a nossa Cultura Popular, se houve demora aqui no “A Arte Do Meu Povo” pode ter certeza que não foi por esquecimento e sim por falta de oportunidade, de homenagear esse grande compositor/poeta da nossa brasilidade sertaneja/caipira.

Assim, o homenageado de hoje é o gigante João Pacífico, escolhí as palavras do site WIKIPEDIA para conhecermos mais, sobre esse brasileiro que nos orgulha muito.





“João Baptista da Silva (Cordeirópolis,5 de Agosto de 1909 - Guararema, 30 de Dezembro de 1998), mais conhecido pelo apelido João Pacífico, foi um compositor de música caipira , autor de Cabocla Tereza.
Nasceu no Núcleo Colonial de Cascalho, antiga fazenda Cascalho, zona rural de Cordeiro, hoje Cordeirópolis. Filho de José Batista da Silva, maquinista de trem da Paulista e de Domingas, ajudante de cozinha da Fazenda Ibicaba, do Cel. Levy. Sua vida no campo foi curta, mudando-se para a cidade aos sete anos de idade. Revelou seu talento artístico já em criança, quando era comum vê-lo declamar poesias timidamente e cantar para colegas e professores.
Convidada para ser cozinheira na casa de um coletor, em Limeira, dona Domingas levou o filho, que foi ser estafeta na coletoria.
Certo dia chegou à cidade uma companhia de teatro de revista. Como não tirava os olhos do instrumento, o baterista que era argentino, foi conversar com ele. Depois de muito insistir, acabou tendo algumas lições com o musico. Sua dedicação era tanta que logo foi tocar em uma banda que se apresentava no cinema local, durante exibição de filmes mudos. Alem da música outra paixão do menino João era escrever versos onde revelava sua alma cabocla.
Mudou-se para Campinas em 1919, quando sua mãe, foi trabalhar na casa de Ana Gomes, irmã do maestro Carlos Gomes, e ai passou a ter mais contato com os músicos da cidade grande. Em 1923 o jovem baterista entrou para a Orquestra Sinfônica de Campinas chegando a tocar a abertura de “O Guarani” de Carlos Gomes, no Teatro Dom Bosco. Em homenagem a Campinas, escreveu o poema “Cidade de Campinas”, musicado mais tarde por Raul Torres. Seu primeiro emprego foi “ajudante de lava pratos no carro-restaurante da Cia Paulista de Estradas de Ferro, onde seu pai era maquinista.




Em 1924, aos 15 anos, foi para São Paulo, onde chegou no meio de uma Revolução. Foi trabalhar como estafeta em uma fábrica de tecidos. Em 1929, voltou para Campinas indo trabalhar como copeiro na casa do bispo da cidade, Dom Francisco de Barros Barreto.
O amigo Bimbim, filho do dono da Rádio Educadora de Campinas, levou-o um dia para cantar e declamar naquela rádio onde acabou sendo contratado e tornou-se presença constante na emissora ao lado dos violinistas João Nogueira e José Figueiredo. Logo depois voltou a trabalhar no trem e num belo dia o cozinheiro lhe disse para fazer um verso que ele entregaria ao escritor e poeta modernista Guilherme de Almeida, que estava a bordo, em viagem ao interior. O poeta leu e gostou, em seguida mandou entregar um cartão de visitas ao jovem João e o mandou procurá-lo na Rádio Cruzeiro do Sul, em São Paulo, onde era diretor.
Apesar da importante apresentação, teve de insistir muito para convencer o radialista e cantor Raul Torres a ler a letra da embolada Seo João Nogueira, que lhe rendeu um contrato na rádio e um convite para parceiro com o próprio Raul Torres. A música foi gravada na Odeon em 1934 e teve boa aceitação. Em janeiro de 1935 a gravadora lançou uma nova versão na interpretação de Raul Torres e sua Embaixada, com a participação da cantora Aurora Miranda. O disco fez enorme sucesso e animou Raul Torres a continuar a parceria com aquele jovem compositor. Na época gravaram várias músicas entre elas O Teu Retrato, O Vizinho me Contou, Coroa de Estrelas e Foi no Romper da Aurora.
Em 1937, Raul Torres foi para a RCA Victor e levou com ele o cantor Serrinha que fazia a segunda voz na dupla e nesse mesmo ano gravaram Chico Mulato, música que consagraria João Pacifico como um dos mais importantes compositores de sua época. Em seguida veio o grande clássico que atravessaria décadas: a história de amor Cabocla Tereza, gravada por Torres e Serrinha em 1940.





Anos depois, em 1982, o enredo de Cabocla Tereza acabou virando filme com o mesmo nome, dirigido e estrelado por Sebastião Pereira, com Zélia Martins no papel de Tereza e a participação especial de Jofre Soares.
Em 1954, ano de comemoração do IV Centenário de São Paulo, ao compor a marcha-hino Treze Listas, baseado no poema Nossa Bandeira de Guilherme de Almeida, João Pacífico quis prestar uma homenagem a cidade que lhe acolheu e ao mesmo tempo agradecer ao poeta por seu apoio e amizade. Gravada pelo cantor Nelson Gonçalves a música fez enorme sucesso e João Pacífico teve a honra de receber das mãos de Guilherme de Almeida, presidente da comissão do IV Centenário de São Paulo a medalha Anchieta.
Quando resolveu viver em São Paulo, João Pacífico logo tratou de arrumar um emprego, pois sabia que não poderia viver apenas com a música. Foi trabalhar na Sociedade Harmonia de Tênis, onde permaneceu por onze anos. Encarregado do vestiário, conheceu um dos diretores do Banco Italo-Belga, que lhe ofereceu trabalho na função de auxiliar de expedição. Educado e jeitoso para lidar com as pessoas, logo subiu de posto e foi ser continuo da diretoria, uma espécie de faz tudo, para atender especialmente ao presidente do banco, o belga John Verbist.
O patrão incentivou-o a tirar habilitação e alguns meses depois foi promovido a motorista de diretoria. Em seguida, foi servir a família do banqueiro para ser o conducteur de madame Renée Verbist. Foi com ela que João aprendeu algumas palavras em francês e, até a velhice, sempre que perguntado se estava bem, respondia: fantastique, fantastique. Ao se aposentar em 30 de Abril de 1974, João ganhou de presente do patrão o Chevrolet Bel Air , ano 1956, que ele havia conduzido durante anos.
Em 1955, aos 46 anos e com pneumonia, conheceu Deolinda Rodella (Deda), filha de italianos, separada, que falava vários idiomas e trabalhava como tradutora numa empresa de telégrafos. Ela o acolheu em sua casa e passou a cuidar dele até que se restabelecesse. No inicio foram amigos apenas. Mas a amizade foi crescendo e transformou-se em amor para sempre.





Em 1958, nasceu o único filho do casal que recebeu o nome do pai: João Baptista da Silva, o Tuca. João e Deda se casaram em 1983, após 38 anos de convivência. Dois anos depois nasceu a neta Ana Carolina, filha de Tuca, que daria muitas alegrias a João Pacífico. Para tristeza de João, Deda faleceu em 1990.
O casal Federico Mogentale (Freddy) e Maria Antonia, de Guararema SP, conviveu com João Pacífico durante os últimos anos de sua vida e foram os responsáveis pela sua volta ao interior. Apaixonados pela música, Freddy e Maria Antonia conheceram João Pacífico em 1981. “Ele era uma mito para mim”, conta Freddy, então um alto executivo de uma multinacional.
A psicóloga, pianista e pintora Maria Antonia reforça essa admiração: A gente cantava músicas dele havia muito tempo e conhecer João Pacífico pessoalmente era assim como conhecer Chico Buarque.
Com a morte de Deda em 1990, os atritos em família e a descoberta de uma doença grave, fizeram com que em 1995, João Pacífico aceitasse o convite para morar com Freddy e Maria Antonia no Sítio Pirangi, em Guararema, onde teve a possibilidade de passar seus últimos dias no campo, como ele desejava: tomando uma cachacinha na varanda, ouvindo modas de viola com os amigos ou brincando com os gansos à beira do lago.




João Pacífico morreu no dia 30 de Dezembro de 1998, em Guararema, onde foi enterrado com a presença de poucos amigos que cantaram algumas de suas obras imortais.
Em Cordeirópolis, sua terra natal, por iniciativa de Vilma Peramezza, foi criada a "Casa de Cultura João Pacífico" em sua homenagem, enquanto a Camara Municipal, instituiu a "Medalha João Pacífico", que é dada a personalidades.
Em Guararema, institui-se a "Semana João Pacífico", em homenagem ao Poeta do Sertão."




A obra de João é maravilhosa, retrata fielmente a riqueza que é o nosso povo caipira, aconselho a você conhecer mais desse grande artísta brasileiro. Abaixo um pouquinho da grande obra de Pacífico:



Cabocla Teresa
Composição: Raul Torres e João Pacífico


Lá no alto da montanha
Numa casa bem estranha
Toda feita de sapé
Parei uma noite o cavalo
Pra mordi de dois estalos
Que ouvi lá dentro batê
Apeei com muito jeito
Ouvi um gemido perfeito
E uma voz cheia de dô:
"vancê, tereza, descansa
Jurei de fazer vingança
Pra mordi de nosso amor"
Pela réstia da janela
Por uma luzinha amarela
De um lampião apagando
Eu vi uma caboca no chão
E o cabra tina na mão
Uma arma alumiando
Virei meu cavalo a galope
E risque de espora e chicote
Sangrei a anca do tar
Desci a montanha abaixo
Galopendo meu macho
O seu dotô fui chamar
Vortemo lá pra montanha
Naquela casinha estranha
Eu e mais seu dotô
Topemo um cabra assustado
Que chamando nóis prum lado
A sua história contou:
Há tempos eu fiz um ranchinho
Pra minha cabocla morar
Pois era ali nosso ninho
Bem longe desse lugar
No alto lá da montanha
Perto da luz do luar
Vivi um ano feliz
Sem nunca isso esperar
E muito tempo passou
Pensando em ser tão feliz
Mas a tereza, dotô
Felicidade não quis
Os meus sonhos nesse olhar
Paguei caro meu amor
Por mordi de outro caboclo
Meu rancho ela abandonou
Senti meu sangue ferver
Jurei a tereza matar
O meu alazão arriei
E ela fui procurar
Agora já me vinguei
É esse o fim de um amor
Essa cabocla eu matei
É a minha história dotô.






Alpendre da Saudade
Composição: Edmundo Souto e João Pacífico


Às vezes fico
No alpendre da fazenda
Contemplando a vivenda
Onde eu era tão feliz
E bem na frente
Um barranco
Ao pé da estrada
Foi passagem de boiada
Tão pisado,
O chão me diz:
Por quê?
Por que você mudou?
Por que se afastou de mim?
Eu sou apenas
Uma estrada
Não sou mais pisada
E tão abandonada, enfim
Eu sou apenas
Uma estrada
Não sou mais pisada
E tão abandonada, enfim
De que me adianta
Esse alpendre da fazenda
Que eu troquei pela vivenda
Por ser tão cheia de pó
Mas era um pó
Cheio de felicidade
Hoje é pó da saudade
Aqui eu chorando
Aqui tão só
Eu sei, eu sei qual a razão
Pois o meu coração me diz
Mas quando eu pego na viola
Ela me consola
Ela é que me faz feliz
Mas quando eu pego na viola
Ela me consola
Ela é que me faz feliz.





Mourão de Porteira
Composição: Raul Torres e João Pacífico


Lá no mourão esquerdo da porteira
Onde encontrei vancê pra despedir
Tem uma lembrança minha, derradeira
É um versinho que eu lhe escrevi
Vancê, eu sei, passa esbarrando nele
E a porteira bate pra avisar
Vancê não sabe que sinal é aquele
E nem sequer se alembra de olhar
E aqui tão longe eu pego na viola
Aquele verso começo a cantar
Uma saudade é dor que não consola
Quanto mais dói
A gente quer lembrar
No dia que doer seu coração
De uma "sodade" que eu tanto senti
Vancê, chorando, passa no mourão
E lê o verso que eu nele escrevi.





"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!!!!"