sábado, 23 de julho de 2011

Uma Baianada No Céu

O "A Arte do Meu Povo" faz uma homenagem ao meu bom povo da Bahia.Claro que do meu jeito, brincando e imaginando o impossível(quem sabe né?), através da poesia popular.
Mais uma vez deixo bem claro, que não me considero nem cordelista, nem poeta apenas um amante desta arte que tento imitar e preservar.

Espero que gostem!!!


A Baianada No Céu
Nivaldo Cruz – 31.03.2011


1
Por ser um povo
Por demais, contente
Na sua grande maioria
Bastante irreverente
E até mesmo ter um
Comportamento diferente.
2
O tratamento no Céu
Ser igual não poderia
Pois com certeza muita
Desordem aconteceria
E em uma bagunça rotineira
O Paraíso se transformaria.
3
Sendo assim, o grande Deus
Em sua infinita sabedoria
Resolveu criar um lugar
Para acomodar a alegria
E ter a certeza que no futuro
Problema não aconteceria.
4
Assim foi criado e abençoado
O lugar no céu do baiano,
Um lugar bem diferente
Cheio de calor humano,
Festa, descontração, criatividade
Tava tudo no plano.


5
O povo então de mansinho
Foi começando a chegar
Catarina Paraguassú
Veio seu lugar reivindicar
Foi ficando e trouxe Caramuru
Para com ela Morar.


6
Quem também veio
Foi o revolucionário,
Grande Cipriano Barata
Seguindo seu itinerário,
De lutar pela liberdade
E ser um bom visionário.
7
Muitos outros ali chegaram
Com sua forma de alegria,
Afinal de contas estavam ali
Filhos da maravilhosa Bahia,
Cheios de orgulho, inteligência
Honra e de certa forma rebeldia.


8
Castro Alves eloqüente
Mostrava sua poesia
Rui Barbosa do seu jeito
Também se divertia
Defendendo as causas
Mais difíceis que havia.
9
Antonio Conselheiro
Bem que tentou entrar
Mas como era cearense
Teve que se contentar
Em no céu dos normais
Ter que viver e ficar.
10
O mesmo aconteceu com
O bandoleiro Lampião
Que era pernambucano
Por isso não teve permissão
E se contentou e ficou
Do outro lado do portão.


11
Porém, Maria Bonita
Já por outro lado
Tinha o seu lugar
Muito bem assegurado,
Mas preferiu ficar
Com o seu eterno namorado.


12
A heroína Maria Quitéria
Também está por lá
Exibindo sua coragem e
Sensibilidade peculiar
E mostrando a sua valorosa
Garra e força exemplar.


13
O escravo Lucas da Feira
Não pode ser esquecido
Foi lá no céu baiano
Muito bem recebido,
Lá ele é um herói
Não é mais um bandido.


14
Coronel Horácio de Matos
É outro grande que está
Vivendo em harmonia
Com tudo que lá há
Não manda nem desmanda
Vivendo a cantar e recitar.
15
Antonio Lacerda
Esse grande empreendedor
Que gastou sua fortuna
Construindo o elevador,
Ta no céu baiano
Demonstrando o seu valor.


16
Mãe Mininha do gatois
A maior mãe de santo
Está lá céu também
Consolando muito pranto
E provando que DEUS é único
Não importa religião e canto.


17
Quem causou na chegada
Uma grande confusão
Foi o escritor Jorge Amado,
Que pela tal descrição,
Acharam que era ACM
Que chegava na ocasião.
18
Depois de tudo resolvido
E muito bem explicado
O escritor ficou ali
Totalmente acomodado
Esperando a chegada do
Seu amigo mais chegado.


19
Demorou e muito,
Não podia ser diferente,
Por causa da preguiça
Que lhe é conveniente,
Mas Caymmi chegou
E o céu ficou mais contente.


20
Também é motivo de festa
A nossa santa particular
A mãe de todos os baianos
Que também está por lá
Nossa querida Irmã Dulce
Que também protege o lugar.


21
Por falar em festa
Lá é lugar de morada
Da dupla de músicos
Muito bem afamada
É Dodô e Osmar
Os da alegria organizada.
22
Pois o trio elétrico
No céu baianês
É muito bem recebido
E tem a sua vez
Alegrando almas e anjos
Todo dia, todo mês.


23
ACM por lá chegou
Foi chegando e ficando
Só sentiu falta d´uma coisa,
Não podia ficar mandando,
Mas como todo baiano
Ele foi se acostumando.


24
Outro dia ele foi visto
Com Chico Pinto conversando,
Clériston Andrade também
Estava no meio proziando
Mas não era de política
Que estavam ali falando.


25
Os três estavam abraçados
Alegres, rindo e pulando
Pois um trio elétrico diferente
Estava no momento passando
Com Lindú, Coroné e Cobrinha,
Muito forró tocando e cantando.


26
Rodolfo Coelho Cavalcante
Nosso maior representante
Da poesia popular, do cordel
Também está lá nesse instante
Fazendo nossa bela cultura
Ecoar e vibrar bem possante.


27
Jota Morbeck outro baiano
Amante do carnaval
Comanda um trio elétrico
De maneira fenomenal
Com sua voz maravilhosa
Encanta de forma magistral.

28
No meio do nosso céu
Tem uma estátua de Cabral
É uma homenagem feita
De uma forma bem legal
Pra agradecer a esse
Baiano de Portugal.
29
Afinal coube a ele
Descobrir a bela Bahia
Dando a Terra e ao Céu
Um lugar de alegria
E um povo bem disposto
Cheio de ozadia e energia.
30
Tem muitos outros baianos
Morando nesse rincão
Deixando o paraíso
Sem nenhuma solidão,
Um lugar de alegrias
Festas e diversão.
31
Você que está lendo
E não quer acreditar
É melhor ir pensando
Mais nesse lugar.
Pois você queira ou não
Ele está é bem lá.
32
Se tu for bom baiano
Pode até comemorar
Mas se tu não for,
Não adianta espernear,
Com o céu comum,
Tu vai ter de contentar.


"E VIVA A ARTE DO MEU POVO!"

sábado, 9 de julho de 2011

Em Olimpoópolis Da Caatinga


Demorei, mas estou aqui.
Hoje apresento no “A Arte Do Meu Povo” um trabalho de minha autoria. Trabalho que nasceu de uma dessas loucuras que passam pela nossa cabeça de vez em quando.
Assim foi que outro dia, imaginei como seria a vida dos Deuses da mitologia grega vivendo em uma cidade no sertão do nordeste brasileiro.
Imagine esses personagens.
Pois é, foi assim que nasceu a cidade imaginária, Olimpoópolis da Caatinga, e os seus habitantes mitológicos.
Nessa primeira parte, só foi possível descrever algumas das personagens dessa cidade fabulosa.
Com certeza muitas outras estórias virão, argumento é que não vai faltar.



Aproveito, aqui, para pedir desculpas aos cordelistas do Brasil, a quem tenho a maior admiração, respeito, sou fã de coração. Mas não sei se por incompetência, ou por achar que a verdadeira poesia e arte, deve ser livre de regras rígidas, não consigo( por mais que tente) produzir um cordel 100%.

Por isso, prefiro dizer que escrevo em verso popular.




Sei que gosto de inventar estórias loucas e brincar com as palavras e rimas.
Se quiser pode me chamar de Poeta de versos Pé quebrado, que será uma honra.
O importante, na minha opinião, é que você lêu esse trabalho e ele despertou em você alguma emoção.
Até a próxima e fique com a estória em verso popular...


Em Olimpoópolis da Caatinga
Nivaldo Cruz – 02.07,2011


1
Era de verdade e realmente
Uma típica cidade nordestina,
O estado onde ficava não importa,
Se ficava rio abaixo ou rio acima,
Importa sim, seu jeito sertanejo
E seu sol inclemente como clima.
2
Como toda cidade do sertão
Tinha muita história, coisa e tal,
Particularidades que faziam
Dessa terra um lugar anormal,
Seus moradores eram do tipo
Algo assim bem divinal.
3
A estranheza começava no nome
Era Olimpoópolis da Caatinga,
Sem tirar nem pôr letra vogal,
Sem faltar sequer rapé na binga,
Era tanta coisa estranha,
Bruxaria mesmo, tudo mandinga.
4
Pra começar vou dizer e falar
Que Olimpoópolis era longe demais,
Distante de tudo que se conhece,
Da casa do chapéu? Deus é mais.
O lugar onde Judas perdeu as botas?
Fica perto não, é bem lá atras.
5
O prefeito desse fim de mundo
Era um tal de Zeus de Jesus,
Tinha mania de eletricista
Vivia querendo fazer a luz,
Era virado num curisco dum raio
Namorador de suar feito cuscuz.
6
Num podia ver um rabo de saia
Que se vestia de tudo q´era animal
Já se vestiu de boi, jegue, cavalo,
Jabuti, jaçanam, capivara e pardal
Já fez ozadia em tudo que é canto,
Lagêdo, pasto, capoeira e curral.
7
Tinha filho em tudo q´era canto
De tudo q´era jeito, q´era cor
Tinha filho sabido, burro, pobre
Rico, doente, safado, doutor
Mirrado, pançudo, amarelo,
Azulado, virado no estopor.
8

Esse era Seu Zêzê, o prefeito.
Era macho todo, seu moço doutor
Os meninos, os filhos dele
A nenhum deles, renegou
Quem disse “bença padim!”,
O prefeito rufião abençoou.


9
A primeira dama, pra quem pensa
Num ficava nem um pouco atras
Dizem as más línguas, que era tarada
E no sexo de tudo ela fez demais,
Mas era fiel toda ao prefeito
Que com ela era muito capaz.
10
Num me pergunte, como ele conseguia,
Porque não sei lhe responder e falar,
Só sei q´era bem assim que acontecia,
Lá pras bandas daquele sertão lá,
Dona Hera de Seu Zêzê era a mulher
Mais respeitada e temida do lugar.
11
Mandou dar surra, furar olho,
Escurraçar, muita sem vergonha.
Até o prefeito quando aprontava
Sabia que de Dona Hera era apanha,
E as suas raparigas sofriam dela
Crueldade de forma bem tamanha.
12
Por causa dessas coisas
Muitas mocinhas da região,
Foram viver lá no Cabaré
“As Belas Musas Du Sertão”,
De propriedade de Dona
Afrodite Machado Conceição.
13
Pense aí numa mulher retada
A quenga das mais bem famosa,
Mais solicitada, querida, aclamada
Era uma deusa do sexo, poderosa,
Conseguia tudo que queria a danada
Com jeito de mulher sensual e xerosa.
14
O famoso brega de Olimpoópolis
O grande “As Belas Musas Du Sertão”
Era o lugar mais alegre, mais animado
Desse mundão e daquele imenso rincão ,
Os homens safados de tudo q´era lugar
Iam pra lá procurar diversão, discaração.
15
As coisas só azedavam quando
Chegava por lá o tal delegado,
Bicho virado no cão do livro
Era brabo, só vivia revoltado
Querendo briga, prendendo gente
Era assim que mantinha seu reinado.
16
O nome do danado do bicho do capeta
Era oficial delegado Ares da Guerra.
A cara do peste já era de dar medo
Só de lembrar as pernas da gente emperra.
Não se corre, não se anda, se caga
Se mija, e o anel de coro berra.
17
Se metesse a besta com ele não,
Que aí é que a coisa num prestava.
O tal se arruinava e tu tava com pouco
Tempo pra viver o que ainda restava.
Tua vida virava um inferno de verdade.
Eita peste de bicho ruim que mulestava.
18
Já que se falou em inferno
E até no nome do tinhoso.
Se tinha uma pessoa pelo qual
O delegado Ares fica frochôso.
Era o Cangaceiro Ades Capeta
O bicho mais malvado e horripiloso.
19
A ruindade chegou alí e ficou,
A maldade naquele ser fez morada,
Era tudo que não prestava e muito mais
Era muita crueldade encomendada,
Diziam qéra ele que mandava no inferno
Era dele que vinha a ordem mal dada.
20
O cangaceiro Ades era irmão de sangue
Do prefeito de Olimpoópolis, Zeus,
Mas diziam as fofoqueiras do lugar
Que um era o diabo e o outro era o Deus.
Que os dois não se davam, nem se falavam,
Só queriam dar um pro outro, Adeus.
21
Contam que essa briga começou
Há muito tempo, muito tempo atras.
Quando os dois escurraçaram o próprio pai
Para ficar com as terras, a fama e o mais.
Daí, Zeus ficou com a parte boa e para
O pobre Ades ficou só os animais.
22
Ades por conta do acontecido
Resolveu tornar da sua vida o inferno,
Virou cangaceiro, matador brabo
Matando de inverno a inverno,
Fazendo crueldades e malvadezas,
Das caatingas ficou interno.



23
Outro que fazia parte da família
Era o dono da cacimba, da aguada,
Pra se ter água de qualidade
Era preciso pagar por sua guarda,
Senão ele soltava os bichos em cima
Dos pobre que já num tinha nada.
24
Zé Posseidom era nome do coronel
Que era irmão do cangaceiro do cão,
Também o era do poderoso prefeito
Era brabo que só a peste tufão,
Mandava nos tanques, lagoas, rios
Em tudo que tinha água na região.
25
Nesse cidade do Nordeste brasileiro
Ainda tinha a professora Atena Maria
Diretora do grupo escolar do lugar
Também era uma retada de rebeldia,
Num levava desaforo pra sua casa,
Ela era respeitada pela sua sabedoria.
26
Outra mulher de grande respeito
Naquela localidade dos cafundó,
Era a juiza de direito, direita toda
De tão justa, desatava qualquer nó.
Na pura doutora Josefa Demeter
A justiça fez parada ali, nela só.
27
Pense num moi danado de trabalho
Que a pobre dessa juíza tinha lá,
Era tanta coisa errada, ladroagem
Esperteza, que jeito só ela pra dar.
E as piores sacanagens quem fazia
Era os ditos senhores daquele lugar.
28
Uma das coisas bem estranhas
Em Olimpoópolis da Caatinga,
Era que o nome das caçadas foi
O de uma mulher de muita ginga,
Josefa Artêmis, caçava, brigava,
matava, mas num tomava pinga.


29
Já se falou de muita coisa e gente
Mas do lugar de onde tudo acontecia,
Esse num se pode jamais esquecer,
O Bar de Chico Baco era só putaria,
Bebedeira, homem com homem,
mulher com mulher, era uma orgia.
30
Tinha cachaça de tudo qué jeito
Bebida de todo qué lugar,
Tira-gosto feito de toda maneira
E de toda qualidade que há.
Juntava isso tudo e ainda mais,
Imagine só a putaria q´era lá.
31
Ainda tinha o talzinho do sujeito
Que era do lugar o mais fofoqueiro,
Sabia da vida de todo mundo
Esse era o Hermes Carteiro,
Que abria as cartas antes da entrega,
Depois lia e fechava bem ligeiro.
32
No meio dessa bagunça tinha
Ainda o poeta que vivia do amor,
O nome desse grande, Vinícius Eros,
Das coisas da paixão era doutor.
Dos corações das virgens sonhadoras
Fazia o que queria, era o senhor.
33
Ainda conta a lenda que a cidade
Possuia o maior e melhor ferreiro,
Hefestos da Silva esse era o homem
Que fazia do ferro seu amor primeiro,
Fabricava armas, móveis, panelas, tudo.
Do ferro era um criador verdadeiro.
34
Nesse lugar não podia faltar
Quem a natureza defendesse,
Panajotes, conhecido como Pã,
Lutava e não tinha quem o vencesse,
Pela natureza era capaz de brigar,
Não importando se morresse.
35
Olimpoópolis da Caatinga era
Uma cidade por demais especial
Tinha e acontecia de um tudo,
Coisa normal e muito anormal,
Era um lugar bem diferente
Desse nosso mundo atual,
36
Além desses tais habitantes
Que voismicê viu e conheceu
Tem muito, mas muito mais,
Que aqui num veio, nem apareceu,
Porém em outra oportunidade
Eles vão dá a graça, viu Seu!


37
Nesse livrinho não deu nem
Dos bichos esquesitos, falar,
Era tanta besta diferente
Que tinha naquele lugar,
Que quando eu escrever
Tu vai ler e num vai acreditar.
38
Era tanto causo sem pé nem cabeça
Que voismicê não vai querer saber,
Mas já vou lhe garantido que
Tudo aconteceu, juro a vossa mercê,
É tudo, tudinho bem verdadeiro
O que no próximo livro, vou trazer.
39
Dessa cidade diferente voismicê
Num vai querer nem esquecer,
Os seus endeusados habitantes
Vai bem é querer muito conhecer,
E as suas histórias e causos
Pode crer, alguns vão querer viver.
40
Mas tudo isso só no próximo livro
Que prometo não vai demorar
Contado mais sobre esse interessante,
Mágico, louco e divertido lugar.
Então, até logo e não se preocupe
Que já, já outra história vai chegar.