sábado, 9 de julho de 2011

Em Olimpoópolis Da Caatinga


Demorei, mas estou aqui.
Hoje apresento no “A Arte Do Meu Povo” um trabalho de minha autoria. Trabalho que nasceu de uma dessas loucuras que passam pela nossa cabeça de vez em quando.
Assim foi que outro dia, imaginei como seria a vida dos Deuses da mitologia grega vivendo em uma cidade no sertão do nordeste brasileiro.
Imagine esses personagens.
Pois é, foi assim que nasceu a cidade imaginária, Olimpoópolis da Caatinga, e os seus habitantes mitológicos.
Nessa primeira parte, só foi possível descrever algumas das personagens dessa cidade fabulosa.
Com certeza muitas outras estórias virão, argumento é que não vai faltar.



Aproveito, aqui, para pedir desculpas aos cordelistas do Brasil, a quem tenho a maior admiração, respeito, sou fã de coração. Mas não sei se por incompetência, ou por achar que a verdadeira poesia e arte, deve ser livre de regras rígidas, não consigo( por mais que tente) produzir um cordel 100%.

Por isso, prefiro dizer que escrevo em verso popular.




Sei que gosto de inventar estórias loucas e brincar com as palavras e rimas.
Se quiser pode me chamar de Poeta de versos Pé quebrado, que será uma honra.
O importante, na minha opinião, é que você lêu esse trabalho e ele despertou em você alguma emoção.
Até a próxima e fique com a estória em verso popular...


Em Olimpoópolis da Caatinga
Nivaldo Cruz – 02.07,2011


1
Era de verdade e realmente
Uma típica cidade nordestina,
O estado onde ficava não importa,
Se ficava rio abaixo ou rio acima,
Importa sim, seu jeito sertanejo
E seu sol inclemente como clima.
2
Como toda cidade do sertão
Tinha muita história, coisa e tal,
Particularidades que faziam
Dessa terra um lugar anormal,
Seus moradores eram do tipo
Algo assim bem divinal.
3
A estranheza começava no nome
Era Olimpoópolis da Caatinga,
Sem tirar nem pôr letra vogal,
Sem faltar sequer rapé na binga,
Era tanta coisa estranha,
Bruxaria mesmo, tudo mandinga.
4
Pra começar vou dizer e falar
Que Olimpoópolis era longe demais,
Distante de tudo que se conhece,
Da casa do chapéu? Deus é mais.
O lugar onde Judas perdeu as botas?
Fica perto não, é bem lá atras.
5
O prefeito desse fim de mundo
Era um tal de Zeus de Jesus,
Tinha mania de eletricista
Vivia querendo fazer a luz,
Era virado num curisco dum raio
Namorador de suar feito cuscuz.
6
Num podia ver um rabo de saia
Que se vestia de tudo q´era animal
Já se vestiu de boi, jegue, cavalo,
Jabuti, jaçanam, capivara e pardal
Já fez ozadia em tudo que é canto,
Lagêdo, pasto, capoeira e curral.
7
Tinha filho em tudo q´era canto
De tudo q´era jeito, q´era cor
Tinha filho sabido, burro, pobre
Rico, doente, safado, doutor
Mirrado, pançudo, amarelo,
Azulado, virado no estopor.
8

Esse era Seu Zêzê, o prefeito.
Era macho todo, seu moço doutor
Os meninos, os filhos dele
A nenhum deles, renegou
Quem disse “bença padim!”,
O prefeito rufião abençoou.


9
A primeira dama, pra quem pensa
Num ficava nem um pouco atras
Dizem as más línguas, que era tarada
E no sexo de tudo ela fez demais,
Mas era fiel toda ao prefeito
Que com ela era muito capaz.
10
Num me pergunte, como ele conseguia,
Porque não sei lhe responder e falar,
Só sei q´era bem assim que acontecia,
Lá pras bandas daquele sertão lá,
Dona Hera de Seu Zêzê era a mulher
Mais respeitada e temida do lugar.
11
Mandou dar surra, furar olho,
Escurraçar, muita sem vergonha.
Até o prefeito quando aprontava
Sabia que de Dona Hera era apanha,
E as suas raparigas sofriam dela
Crueldade de forma bem tamanha.
12
Por causa dessas coisas
Muitas mocinhas da região,
Foram viver lá no Cabaré
“As Belas Musas Du Sertão”,
De propriedade de Dona
Afrodite Machado Conceição.
13
Pense aí numa mulher retada
A quenga das mais bem famosa,
Mais solicitada, querida, aclamada
Era uma deusa do sexo, poderosa,
Conseguia tudo que queria a danada
Com jeito de mulher sensual e xerosa.
14
O famoso brega de Olimpoópolis
O grande “As Belas Musas Du Sertão”
Era o lugar mais alegre, mais animado
Desse mundão e daquele imenso rincão ,
Os homens safados de tudo q´era lugar
Iam pra lá procurar diversão, discaração.
15
As coisas só azedavam quando
Chegava por lá o tal delegado,
Bicho virado no cão do livro
Era brabo, só vivia revoltado
Querendo briga, prendendo gente
Era assim que mantinha seu reinado.
16
O nome do danado do bicho do capeta
Era oficial delegado Ares da Guerra.
A cara do peste já era de dar medo
Só de lembrar as pernas da gente emperra.
Não se corre, não se anda, se caga
Se mija, e o anel de coro berra.
17
Se metesse a besta com ele não,
Que aí é que a coisa num prestava.
O tal se arruinava e tu tava com pouco
Tempo pra viver o que ainda restava.
Tua vida virava um inferno de verdade.
Eita peste de bicho ruim que mulestava.
18
Já que se falou em inferno
E até no nome do tinhoso.
Se tinha uma pessoa pelo qual
O delegado Ares fica frochôso.
Era o Cangaceiro Ades Capeta
O bicho mais malvado e horripiloso.
19
A ruindade chegou alí e ficou,
A maldade naquele ser fez morada,
Era tudo que não prestava e muito mais
Era muita crueldade encomendada,
Diziam qéra ele que mandava no inferno
Era dele que vinha a ordem mal dada.
20
O cangaceiro Ades era irmão de sangue
Do prefeito de Olimpoópolis, Zeus,
Mas diziam as fofoqueiras do lugar
Que um era o diabo e o outro era o Deus.
Que os dois não se davam, nem se falavam,
Só queriam dar um pro outro, Adeus.
21
Contam que essa briga começou
Há muito tempo, muito tempo atras.
Quando os dois escurraçaram o próprio pai
Para ficar com as terras, a fama e o mais.
Daí, Zeus ficou com a parte boa e para
O pobre Ades ficou só os animais.
22
Ades por conta do acontecido
Resolveu tornar da sua vida o inferno,
Virou cangaceiro, matador brabo
Matando de inverno a inverno,
Fazendo crueldades e malvadezas,
Das caatingas ficou interno.



23
Outro que fazia parte da família
Era o dono da cacimba, da aguada,
Pra se ter água de qualidade
Era preciso pagar por sua guarda,
Senão ele soltava os bichos em cima
Dos pobre que já num tinha nada.
24
Zé Posseidom era nome do coronel
Que era irmão do cangaceiro do cão,
Também o era do poderoso prefeito
Era brabo que só a peste tufão,
Mandava nos tanques, lagoas, rios
Em tudo que tinha água na região.
25
Nesse cidade do Nordeste brasileiro
Ainda tinha a professora Atena Maria
Diretora do grupo escolar do lugar
Também era uma retada de rebeldia,
Num levava desaforo pra sua casa,
Ela era respeitada pela sua sabedoria.
26
Outra mulher de grande respeito
Naquela localidade dos cafundó,
Era a juiza de direito, direita toda
De tão justa, desatava qualquer nó.
Na pura doutora Josefa Demeter
A justiça fez parada ali, nela só.
27
Pense num moi danado de trabalho
Que a pobre dessa juíza tinha lá,
Era tanta coisa errada, ladroagem
Esperteza, que jeito só ela pra dar.
E as piores sacanagens quem fazia
Era os ditos senhores daquele lugar.
28
Uma das coisas bem estranhas
Em Olimpoópolis da Caatinga,
Era que o nome das caçadas foi
O de uma mulher de muita ginga,
Josefa Artêmis, caçava, brigava,
matava, mas num tomava pinga.


29
Já se falou de muita coisa e gente
Mas do lugar de onde tudo acontecia,
Esse num se pode jamais esquecer,
O Bar de Chico Baco era só putaria,
Bebedeira, homem com homem,
mulher com mulher, era uma orgia.
30
Tinha cachaça de tudo qué jeito
Bebida de todo qué lugar,
Tira-gosto feito de toda maneira
E de toda qualidade que há.
Juntava isso tudo e ainda mais,
Imagine só a putaria q´era lá.
31
Ainda tinha o talzinho do sujeito
Que era do lugar o mais fofoqueiro,
Sabia da vida de todo mundo
Esse era o Hermes Carteiro,
Que abria as cartas antes da entrega,
Depois lia e fechava bem ligeiro.
32
No meio dessa bagunça tinha
Ainda o poeta que vivia do amor,
O nome desse grande, Vinícius Eros,
Das coisas da paixão era doutor.
Dos corações das virgens sonhadoras
Fazia o que queria, era o senhor.
33
Ainda conta a lenda que a cidade
Possuia o maior e melhor ferreiro,
Hefestos da Silva esse era o homem
Que fazia do ferro seu amor primeiro,
Fabricava armas, móveis, panelas, tudo.
Do ferro era um criador verdadeiro.
34
Nesse lugar não podia faltar
Quem a natureza defendesse,
Panajotes, conhecido como Pã,
Lutava e não tinha quem o vencesse,
Pela natureza era capaz de brigar,
Não importando se morresse.
35
Olimpoópolis da Caatinga era
Uma cidade por demais especial
Tinha e acontecia de um tudo,
Coisa normal e muito anormal,
Era um lugar bem diferente
Desse nosso mundo atual,
36
Além desses tais habitantes
Que voismicê viu e conheceu
Tem muito, mas muito mais,
Que aqui num veio, nem apareceu,
Porém em outra oportunidade
Eles vão dá a graça, viu Seu!


37
Nesse livrinho não deu nem
Dos bichos esquesitos, falar,
Era tanta besta diferente
Que tinha naquele lugar,
Que quando eu escrever
Tu vai ler e num vai acreditar.
38
Era tanto causo sem pé nem cabeça
Que voismicê não vai querer saber,
Mas já vou lhe garantido que
Tudo aconteceu, juro a vossa mercê,
É tudo, tudinho bem verdadeiro
O que no próximo livro, vou trazer.
39
Dessa cidade diferente voismicê
Num vai querer nem esquecer,
Os seus endeusados habitantes
Vai bem é querer muito conhecer,
E as suas histórias e causos
Pode crer, alguns vão querer viver.
40
Mas tudo isso só no próximo livro
Que prometo não vai demorar
Contado mais sobre esse interessante,
Mágico, louco e divertido lugar.
Então, até logo e não se preocupe
Que já, já outra história vai chegar.

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